Saturday, July 27, 2024

Zelensky vê Portugal como uma ponte para chegar ao sul global

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Germano Almeida analisa a diferença de opiniões em relação ao uso de armas ocidentais em território russo e diz que se a divergência se mantiver “é grave”. O comentador da SIC aborda ainda as ameaças de Putin a pequenos países da Europa e faz um balanço da visita de Zelensky a Portugal.

Existe uma diferença de opiniões em relação à questão da Ucrânia dever usar ou não armas ocidentais em território russo. Germano Almeida considera que se esta divergência se mantiver “é grave”.

O comentador SIC explica que a divergência é entre a Administração de Joe Biden e o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken.

“Embora John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, tenha dito que os Estados Unidos não encorajam a Ucrânia a” usar armas ocidentais em solo russo”, disse ‘nesta altura, a posição não mudou’ e o ‘nesta altura’ aqui é tudo porque é preciso dizer que Antony Blinken em Kiev, foi muito claro a dizer ao Presidente Zelensky que defende que a Ucrânia tem o direito de (…) usar ações em solo russo e usar armas ocidentais para evitar mais ações”.

Acrescenta que a divergência se explica “com o grande cuidado que a Administração Biden” tem tido para “não dar razões a Putin para dizer que está a escalar a guerra”. Para Germano Almeida, é necessário um entendimento entre Biden e Blinken porque é “o que me parece que falta para resolver esta questão” de dar direito à Ucrânia de usar o armamento.

“No entanto, também me parece que por muito que essa indefinição se mantenha, os Ucranianos não vão esperar e vão usar” as armas ocidentais em território russo.

A partir do momento em que a Rússia faz ação em Kharkiv, a Ucrânia começou a atacar bases e alvos militares russos e o comentador defende que “obviamente é legítimo”.

No entanto, “a questão da legitimidade já não estava em cima da mesa, desde que não fossem usadas armas ocidentais, a novidade aqui é o uso” dessas armas, sustenta.

“A chave” é “deixar Putin na dúvida”

Germano Almeida aborda também as ameaças que Putin tem feito a pequenos países da Europa, como a Letónia e a Polónia, acerca das graves consequências que enfrentam por estarem envolvidos no conflito.

“Putin, ao dizer [isso] aos países pequenos, está naturalmente a avisar os países do flanco leste da NATO que se não tivessem a proteção e a dissuasão da Aliança Atlântica, o que já lhes teria acontecido perante o ‘urso russo’”.

Em relação a esta incerteza de Putin se vai ou não ganhar a guerra, o comentador diz que “a chave” é “deixar Putin na dúvida”.

“Desde fevereiro de 2022 que nós estamos a dizer o que é que se pode fazer, o que é que não se pode fazer, o que é que se vai fazer, o que é que se vai mandar, estamos a dizer tudo ao inimigo e não pode ser. Temos de deixar essa dúvida estratégica.”

Vista de Zelensky a Portugal tem um balanço “muito positivo”

Germano Almeida analisa ainda a visita do Presidente ucraniana Portugal e diz que o balanço “é muito positivo”. Afirma que Portugal foi o “12º país a fazer um acordo bilateral e a assiná-lo com a Ucrânia” apesar de, em comparação aos outros que fizeram acordos, o país tem “outra dimensão e outro nível de ajuda” mas, mesmo assim, está “nesse saco”.

“Relativamente ao valor em si” comparando com Espanha e Bélgica “parece-me que sabe a pouco, mas” como disse Paulo Rangel “o dinheiro não deve ser integrado em relação ao resto, porque o trunfo de Portugal na ajuda à Ucrânia não é o dinheiro, nem a capacidade militar, é a ajuda que vai dar relativamente ao treino F-16, a ajuda diplomática relativamente à entrada da Ucrânia na União Europeia.”

Acrescenta que se deve ter em conta também a “forma como Zelensky vê Portugal como uma ponte para chegar ao sul global” e como isso é importante para a “iniciativa da Cimeira da Paz”.

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